Ultimas aventuras...
Restauro de um rádio antigo, 4 bandas com 9 transistores: TEVEA SUPER FM (equivalente a um Amplix e um Arphone). Rádio de inícios dos anos 60's.
Mais informações sobre o equipamento, clicar AQUI.
Pediram-me (umas semanas atrás) para adaptar este rádio à rede eléctrica porque, segundo o que me tinham dito, gastava as pilhas muito depressa.
A situação era simples... comprar um adaptador 9V (1A dá mais do que o gasto), colocar uma ficha na tampa, soldar 2 fios e pronto, fim!
Já depois de ter feito algumas compras no ebay para isso, fui ligar o rádio à fonte de alimentação para ouvir como se comportava o equipamento. Limitei para 0.5A e liguei a 9V. O que ouvi? Nada! A fonte não estava em curto, mas não saía audio nenhum... nem ruído! Aqui começava a ver o que tinha pela frente...
O rádio não tem esquema online, as ligações pareciam estar bem, hora de retirar o chassi da caixa e meditar sobre o assunto.
Fiquei admirado em ver que o metal do chassi, que por norma é a massa (o ponto de potencial mais baixo) estava ligado ao positivo da alimentação. A olho, nenhum componente tinha sinais de problemas. Por teimosia minha, ainda bem que não correu mal, decidi limitar a corrente para 250mA e inverter as ligações da alimentação, ou seja, ligar o chassi ao negativo. Resultado: um breve estalido, mas logo terminou e com a fonte ao corte.
Após umas leituras pela Internet, vi que esta era uma prática da altura e por isso, o positivo ligado ao chassi poderia estar correcto.
Pelo meio medi a resistência entre o positivo e o negativo e o multímetro mostrava cerca de 130R. De facto... muito baixo para o que seria de esperar. As causas poderiam ser muitas, mas preferi ser mais metódico e ir anulando partes de cada vez. Comecei por seguir o fio do negativo, uma vez que o chassi era o positivo. Como as cores não eram coerentes e a cada ponto de ligação a cor do fio mudava, fui fazendo um esquema num papel e anotando as cores do fios.
Primeira paragem: placa de potencia, onde se encontra o pré amplificador, o amplificador e restantes componentes ligados ao audio (1ª foto). 4 fios numa ponta, 3 fios na outra e nenhum deles dava continuidade ao negativo.
Passo seguinte: desmontar a placa e seguir a trilha, quando acompanhava de um esquema. É trabalhoso, pois tem de se verificar todos os pontos e ver o estado dos componentes nesses pontos. Depois de algum tempo, eis que chego junto a um condensador (os malditos) e ao medir a resistência do mesmo (é esperado ser um valor grande e ir aumentando), eu medi qualquer coisa como 3R/4R. Algo se passava ali. Cortei uma pata do condensador, liguei ao meu medidor de LCR e (3ªfoto), o resultado era uma resistência de 1.4R, ou seja, o condensador já era!
Medi novamente a resistência entre os dois pólos da alimentação e desta vez já saltou para valores de 5K, muito mais aceitável.
Soldei muito à pressa um condensador no lugar do problemático e fui alimentar o rádio. Pufff, o rádio já fazia som e já se ouvia uma musiquinha... mas muito "ranfanha". Era estranho... parecia faltar algo no som.
Liguei o osciloscópio na saída do altifalante e aparecia apenas a metade positiva da onda... raios! Um dos transístores do amplificador finou! Nesta altura tentar entender o que se passa, ficou mais simples, graças ao esquema que tinha vindo a desenhar.
Mudei a ponta do osciloscópio para a entrada do sinal na placa (o fio que traz o audio para o pré amplificador) e vi que o sinal vinha perfeito, por isso o problema estava mesmo ali. Ou no pré amplificador ou no amplificador.
Coloquei novamente a ponta de prova na saída para o altifalante e comecei a tremer os transístores do amplificador, eheheh o sinal do audio ficava bom por momentos, ufa! Olhei com mais atenção e a pata do transístor, dentro da placa, tinha ficado corroída.
Cortar, limpar a solda da pista, soldar novamente a pata do transístor, ligar tudo e o sinal ficou perfeito!
Soldar novo condensador, soldar fios para a ficha da alimentação externa e nesta altura podia dar a parte técnica por terminada. Agora era só restaurar a parte "exterior".
Limpar tudo, olear pequenas rodas, colar um fio ao longo de todo o cursor, para que a lista que mostra a frequência não caia contra a caixa, etc...
No final de tudo montado, não gostei muito do mostrador e voltei a ligar a estação de soldar para colocar no interior um LED branco de alto brilho, para uma melhor leitura do cursor.
Para acertar a palheta no local certo do cursor, bastou sintonizar uma rádio, com a frequência conhecia e arrastar manualmente a palheta para lá. Ficou fino!
Nota: os potenciómetros faziam muito ruído quando se mexia neles... solução foi passar uns minutos a roda-los para a frente e para trás de modo a que a trilha de carvão ficasse limpa.
Apesar de tudo... passei um belo dia em torno de algo que gosto bastante.
Já agora, se alguém tiver um equipamento semelhante que me queira oferecer e ter o prazer de um dia o ver funcionar, eu ficaria imensamente agradecido.
Até à próxima engenhoca!
Já depois de resolver o problema do transístor.
Resultado final:
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